10/02/2015

Crítica do filme: 'Insubordinados'

A criatividade é a maior rebelião na existência. Dirigido por Edu Felistoque e com um roteiro da atriz, e protagonista desta história, Silvia Lourenço, um dos próximos filmes nacionais ao chegar ao circuito é o reflexivo Insubordinados. O que chama  a atenção logo de cara é a estética tão bonita que assistimos, cada cena tem identidade e cada elemento, do mais simples ao mais complexo, possuem um sentido na mensagem que a história passa. Os personagens vão se tornando envolventes aos poucos e vai crescendo, ao longo dos 82 minutos de fita, um desejo do público em saber qual será o desfecho de cada um deles.

Na trama, conhecemos Janete (Silvia Lourenço) uma mulher solitária que está passando por mais um momento difícil em sua vida, já que seu pai, um coronel aposentado da polícia militar, está em coma. Todo dia ela vai ao hospital visitá-lo, parece nunca sair de lá. Em meio a espera de alguma mudança no quadro em que seu pai se encontra, Janete deixa a imaginação tomar conta de suas ações e começa a criar uma história que acaba sendo um paralelo de tudo que enfrentou em sua vida.

O princípio da autonomia versus o direito de viver. O filme se aproxima de assuntos polêmicos, argumentos são lançados e chegam ao espectador com a força de um soco no estômago. Saudades do pai, da época em que acordava ao som do rádio transmitindo as primeiras notícias do dia e aquele cheirinho de café que dominava o ambiente. A solidão da protagonista é um dos principais temas da trama, entendemos melhor os personagens quando juntamos essa variável a tudo que a trama apresenta como consequência das ações executadas pelos poucos mas ricos personagens que a trama possui.


Com uma trilha sonora hipnotizante, o filme parece não ter sentido muitas vezes, precisamos acoplar os paralelos que são apresentados em formas de metáforas oriundas de tudo que a protagonista já viu ou ouviu. É praticamente uma fuga da realidade, executada de maneira competente por Silvia Lourenço. No fim, percebemos que tudo, que é contraditório na atual realidade, cria vida e sentido virando um belo trabalho de nosso cinema.