03/02/2018

Crítica do filme: 'Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha'

A força de uma amizade. Acostumado a projetos de grandes orçamentos, e muitos desses filmes de época, o cineasta britânico Stephen Frears, creditado como diretor em mais de 60 produções em toda a carreira, que vão de longas, curtas até episódios de seriados, chega aos cinemas com uma delicada história de amizade que a família real britânica tentou esconder durante anos. Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha, baseado no livro homônimo de Shrabani Basu, é uma bonita história sobre culturas diferentes que reunidas por uma amizade fazem o conhecimento do mundo chegar aos olhos dos envolvidos.O projeto traz uma atuação de gala da genial Judi Dench na pele da protagonista, com uma curiosidade: Dench já havia interpretado a Rainha Victoria em outro filme, o belo Sua Majestade, Mrs. Brown.

Na trama, ambientada em 1887, conhecemos o carismático indiano Abdul (Ali Fazal) que acaba sendo escolhido pela guarda britânica para participar de uma cerimônia do jubileu de ouro da Rainha Victoria (Judi Dench). Aos poucos e sempre com os olhos atentos de todos ao redor, Abdul começa a se aproximar da rainha e acaba se tornando o professor de Victoria e ao mesmo tempo um fiel escudeiro. Uma linda amizade que duraria pouco tempo mas com uma intensidade maravilhosa.

Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha é um filme muito bonito, mas que não consegue a profundidade que poderia. Judi Dench desfila elegância e presença em cena, leva o filme muitas vezes sozinha. As idas e vindas dessa amizade inusitada, já que a Inglaterra estava no comando da Índia e os britânicos sempre enxergavam os indianos como uma raça inferior, são compostas por cenas lindas principalmente com a vontade da toda poderosa da Inglaterra em ampliar seus conhecimentos sobre uma cultura que não conhecia.

Indicado a dois Oscars, o projeto passou com certo sucesso pelas cinemas brasileiros, talvez camuflado pelos outros filmes mais poderosos da corrido ao Oscar. É um filme que passa boas energias mas que deixa um gosto de que poderia ser mais impactante do que é.


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02/02/2018

Crítica do filme: 'Suburbicon - Bem-Vindos ao Paraíso'

Nada é o que parece. Primeira vez dirigindo um longa-metragem roteirizado pelos irmãos Coen, o astro e ganhador do Oscar George Clooney chegou aos cinemas recentemente com o projeto intitulado Suburbicon - Bem-Vindos ao Paraíso. Reunindo uma descarada mistura de Fargo com outros filmes de Coen, que reúne situações extremas e até certo modo surpreendentes, personagens longe da normalidade, um desfecho que busca o emblemático sempre deixando migalhas nas entrelinhas, Suburbicon acaba se tornando uma sonolenta comédia misturada com suspense de 105 minutos de projeção.

Na trama, conhecemos a curiosa cidade de Suburbicon, onde a imensa maioria dos moradores são de classe média e brancos. Gardner (Matt Damon) tem uma rotina monótona e vive em uma boa casa com a mulher, a cunhada e seu filho. Certo dia, quase paralelamente a chegada de novos vizinhos, sua casa é invadida por dois homens extremamente violentos que transformam em terror algumas horas dessa noite, que leva ao falecimento de sua esposa (interpretada pela sempre competente Julianne Moore). Mas nem tudo é o que parece em Suburbicon e começamos a entender melhor essa história pela ótica do filho de Gardner que presencia situações estranhas envolvendo seu pai.

A atmosfera familiar de outros filmes de Coen, deixam Suburbicon à beira de Deja Vú. Isso porque falta carisma nos personagens, ou desenvolvimentos no roteiro relevantes para transformar esse projeto em algo único. O tom do enredo, buscando formas de interação com o público via tensão, provocando o suspense pelo olhar do filho, funciona até um certo momento mas fica com falta de conexão quando entendemos melhor a resolução dos fatos e os motivos para ações que vemos. A situação que vive os novos vizinhos, que são negros, e os absurdos preconceitos da vizinhança ficam em segundo plano.


Suburbicon - Bem-Vindos ao Paraíso procura mostrar as fragilidades humanas, repletas de egos, preconceitos, ganância e egoísmo, principalmente na sociedade norte-americana. Como filme, funciona em partes, deixando o sono chegar em muitos instantes.
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Crítica do filme: 'Roman J. Israel, Esq'

Felicidade não existe, o que existe na vida são momentos felizes. Após o ótimo O Abutre, lançado cerca de quatro anos atrás, o roteirista e cineasta Dan Gilroy volta para a cadeira de diretor, dessa vez, para contar a curiosa história de um advogado que praticamente redescobre a vida profissional, e também pessoal, após o falecimento de seu antigo sócio. Na pele do protagonista, novamente vemos um desfile de habilidades em cena de Denzel Washington, que nos brinda com mais uma bela interpretação, quase sempre com personagens complexos que chegam aos nossos olhos com imenso carisma. Merecida indicação ao Oscar desse ano na categoria melhor ator.

Na trama, conhecemos o inteligente advogado Roman J. Israel (Denzel Washington) que trabalha faz muito tempo em uma firma de advocacia que ajudava pessoas de baixa renda. Roman sempre ficava como coadjuvante, não ia aos tribunais, conhece todos os casos e os ajuda na resolução mas sempre ajudando por trás da cortina. Quando inesperadamente seu sócio falece, o protagonista é envolvido mais a fundo na situação da empresa e acaba tendo que começar a aparecer mais, encontrando novos lugares e conhecendo de perto mais pessoas que mexem com a Lei.

O projeto possui um desenvolvimento interessante, onde cada arco contribui para a formação de um quebra cabeça existencial ligado ao modo de enxergar o mundo da lei do curioso personagem. Lutando contra seu destino incerto, Roman se sente perdido em sua trajetória após ficar atrás das cortinas durante mais de duas décadas e eu agora precisa buscar outro espaço para suas causas, conhecendo novas pessoas que muitas vezes, pensam bem diferente dele, ou, não acompanham suas ideias.

Dentro de suas excentricidades, Roman acaba descobrindo maneiras curiosas de encontrar a tão sonhada liberdade, mesmo que isso o coloque sempre em evidência e bastante exposto em inúmeras situações. A virada do personagem acontece várias vezes ao longo dessa trajetória, comete um erro grave e esse fato acaba sendo a porta de entrada para um desfecho profundo e repleto de significados.

Persistente em suas ideias, sempre com seu fone de ouvido Sony tocando belas canções, com seu jeito desajeitado de andar,  Roman J. Israel, Esq é um personagem fascinante que vale o filme.

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29/01/2018

Crítica do filme: 'A Rede' (The Net/Geumul)

O outro lado da moeda. Dirigido pelo excepcional cineasta sul coreano Kim Ki-duk (Primavera, Verão, Outono, Inverno... E Primavera, Casa Vazia, Pieta), Geumul, no original, é um retrato atual de um conflito de anos. Os conflitos entre as duas coréias, suas visões diferentes de enxergar o planeta, o modo como a população de cada região vivem, os costumes, o consumo, tudo isso é pano de fundo para a trama desse belo projeto de um dos diretores mais corajosos do planeta, sempre com filmes importantes e debatendo assuntos da atualidade. Interpretando o protagonista, o ótimo ator Seung-bum Ryoo merece destaque.

Na trama, conhecemos um humilde pescador norte coreano chamado Nam Chul-woo (Seung-bum Ryoo), um homem que vive em uma casa super humilde e acorda cedo em busca do seu ganha pão. Certo dia, após o motor de seu barco (único patrimônio que possui e que demorou cerca de dez anos para conseguir) falhar no meio da fronteira com a Coreia do Sul, acaba indo parar do outro lado, na outra coréia e acaba sendo alvo de uma investigação criteriosa pelo lado sul coreano que quer saber se ele é algum espião enviado pelo outro lado. Sem saber direito como lidar com a situação, o pescador precisa agüentar a todo tipo de ameaça para conseguir impor a sua verdade.

Há muitas dúvidas deixadas no ar. Será o protagonista um espião? Como será a recepção do pescador quando e se voltar a sua Coreia? Quem está mentindo nessa história? O filme consegue ficar na linha tênue e complicada da imparcialidade. Como o fato narrado, outras histórias parecidas devem ter acontecido ao longo desses anos de divisão coreana. Como todos sabemos, na Coreia do Norte tudo é muito restrito, o filme navega nessa linha e a devoção do protagonista com sua bandeira é algo que notamos logo na chegada dele do outro lado. As diferenças de cultura, sentimos nas reações dele ao, por um breve período, conhecer de perto como as coisas são em um dos países mais desenvolvidos do planeta.

Recentemente fora vista que as duas coréias irão disputar uma modalidade olímpica juntas, um avanço nas relações desses dois países, completamente diferente mas que podem futuramente representar um só povo.

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28/01/2018

Crítica do filme: 'A Guerra dos Sexos'

Depois dos ótimos Pequena Miss Sunshine e Ruby Sparks - A Namorada Perfeita a dupla de cineastas Jonathan Dayton e Valerie Fari voltou às telonas no final do ano passado com A Guerra dos Sexos , filme baseado em uma história real que agitou o mundo dos esportes na década de 70. O projeto mescla os dramas pessoais dos atletas com as imposições e pressões do milionário universo do tênis mundial.

Na trama, conhecemos o ex-campeão de alguns torneios importantes do mundo de glamour do tênis profissional, Bobby Riggs (Steve Carell), um compulsivo apostador, fanfarrão que resolve desafiar uma tenista para uma partida de tênis. Após conseguir vencer a primeira partida contra uma ex-campeã, no jogo seguinte é desafiado pela sensacional jogadora Billie Jean King (Emma Stone), em uma partida que ficou conhecida: a batalha dos sexos. Essa partida também valeu para se solidificarem os direitos das mulheres no circuito mundial de tênis.

Steve Carell, que adora personagens complexos, e bem diferenciados, às vezes deveras excêntrico, encaixa bem na pele de Bibby Riggs que era bastante exagerado (como alguns papéis de Carell em sua vasta carreira entre flmes densos e comédias bobinhas). Mesmo o filme abrindo bastante espaço para seu pequeno show de comédia – muitas vezes em grande exagero - o roteiro possui arcos bem definidos mesmo que falte um pouco de carisma e uma apresentação mais ampla sobre o contexto dos personagens.

A Billie Jean King de Emma Stone é bem mais complexa e muito de sua personalidade é revelada. O caso homossexual com uma cabeleireira, a situação de não poder expor a situação por medo do preconceito, a posição do atual marido que meio que descobre sua traição após uma visita surpresa a um hotel em que estava hospedada por conta de jogos do circuito. King também aparece na sua luta contra os organizadores das partidas de tênis, criando, junto com outras atletas, mais à frente (e não mostrado tanto no filme) a WTA, organização que dura até hoje e cuida do tênis feminino no circuito mundial de tênis.

A Guerra dos Sexos, que passou voando pelo circuito, mostra a luta das mulheres para terem igualdade de direitos aos homens, em um esporte onde até os dias de hoje essa luta continua com polêmicas e declarações fortes de tenistas, de ambos os sexos, renomados. A luta iniciada por King anos atrás, continua até hoje.


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Crítica do filme: 'O Touro Ferdinando'

Após dirigir Rio 2, três anos trás, o cineasta brasileiro Carlos Saldanha, conhecido mundialmente por suas animações, volta às telonas com mais um projeto para a criançada, O Touro Indomável. Indicado recentemente ao prêmio de Melhor Animação 2018 no próximo Oscar, o filme vem fazendo uma trajetória interessante nos cinemas. É uma aventura repleta de delicadeza mas sem muita criatividade para contar o caminho dos curiosos personagens que aparecem buscando a atenção do público.

Baseado no livro homônimo do autor Munro Leaf, O Touro Ferdinando conta a história de Ferdinando em duas partes. Na primeira, é jovem tourinho que vê seu mundo desabar quando seu pai é selecionado para uma tourada e nunca mais volta. Assim, o protagonista resolve fugir e acaba encontrando a felicidade em um lar de um pai e filha, numa fazenda bonita repleta de flores e animais carismáticos. Ferdinando, já na segunda parte, vira um touro gigantesco e atrapalhado que acaba sendo capturado de volta a onde viveu sua infância, uma espécie de vila de treinamento de touros para serem selecionados para touradas.  

As características do protagonista principal são bem definidas e acabam sendo o alicerce do que vemos na telona. Um animal com visual gigantesco e até certo ponto assustador na história vira um sentimental, amante das flores, inteligente touro, isso cativa mas acaba ficando só nisso quando pensamos no filme como um todo. Por ser muito trivial, até na criação dos personagens que rodeiam o protagonista, o filme se rende apenas a pequenos stand-up comedy para crianças onde cada personagem tenta soltar sua simpatia. O desenvolvimento da história é sonolento, sem muita criatividade, principalmente quando pensamos em começo, meio e fim.


Não há como negar que o filme é fofo. Mas mesmo dentro de suas delicadezas com seu personagem carismático, o longa-metragem carece de uma história mais interessante. 
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Crítica do filme: 'The Post'

Nesse quinto trabalho dirigindo Hanks (O Resgate do Soldado Ryan, Prenda-me Se for Capaz, O Terminal e Ponte de Espiões), e o segundo dirigindo Streep (A.I. - Inteligência Artificial), o mundialmente conhecido cineasta norte-americano Steven Spielberg volta às telonas com o drama The Post. O roteiro, assinado pela dupla Liz Hannah (em seu primeiro roteiro para longa-metragem) e Josh Singer (Spotlight: Segredos Revelados) é cirúrgico ao analisar as sequências de acontecimentos que ficou conhecido como um emblemático episódio de vitória da democracia na figura da imprensa contra um governo cheio de segredos.

Baseado em fatos reais, em um caso famoso político/midiático conhecido como ‘Papéis do Pentágono’, ambientado na década de 70, o editor chefe do famoso jornal (na época nem tão famoso assim) The Washington Post Ben Bradlee (Tom Hanks) é informado por uma fonte de um de seus jornalistas que está de posse em documentos sigilosos do governo americano que atinge não só o presidente da época, Richard Milhous Nixon, mas graves informações sobre o governo norte-americano e seu papel com a Guerra do Vietnã. Assim, Ben precisa do apoio da atual manda chuva do jornal, Kay Graham (Meryl Streep) para publicar a matéria sem medo de serem perseguidos pelo governo norte americano.

O longa é desenhado para fazer o elenco brilhar. Isso, de fato, acontece. Hanks busca uma naturalidade em seu forte personagem, um workholic de marca maior que busca afirmação da sua profissão peneirando as notícias e participando de encontros importantes sobre os rumos do local onde trabalha.  Streep é detalhista na pele de Kay Graham, mostrando o seu desenvolvimento no mundo dos negócios após uma tragédia com seu ex-marido, uma das mais influentes mulheres do século passado. Mesmo não sendo nem de longe uma das melhores atuações de Streep – talvez um grande exagero ela ser indicada ao Oscar desse ano – é um trabalho competente da maior indicada ao mais famoso prêmio do cinema mundial.


The Post estreou na última quinta-feira no circuito e deve fazer um grande sucesso, não só porque a história é bem contada mas por contar com um elenco encabeçado por dois dos maiores astros do planeta. O projeto não deixa de ser, um minuto sequer, uma grande homenagem ao jornalismo, seus princípios e as recordações de pessoas influentes desse poder de mostrar ao público as verdades e os fatos sobre qualquer ocorrido.
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23/01/2018

Crítica do filme: 'Viva - A Vida é uma Festa'

Falar sobre outras culturas é algo mágico que o cinema transforma em inesquecível. Grande favorito para conquistar o próximo Oscar de Melhor Animação, a aventura Viva - A Vida é uma Festa é um daqueles filmes que realmente nos fazem emocionar com uma narrativa empolgante, personagens carismáticos com inúmeras mensagens do bem transmitida para todas as idades. O cineasta norte americano Lee Unkrich (de sucessos como Toy Story 3) leva a magia e a beleza de uma cultura rica em elementos transbordarem em carisma do lado de cá da telona.

Na trama, conhecemos o menino sonhador Miguel, um jovem que adora música mesmo sua família não gostando da ideia, pois, anos atrás um parente abandonou a família pela carreira musical e nunca mais voltou para casa. Durante uma pequena investigação descobre segredos desconhecidos da família e após tocar uma canção com um violão mágico, acaba indo para em uma terra dos mortos. Lá, descobre, nesse mundo fantástico e cheio de parentes que nunca conhecera, descobre mais sobre sua família e um novo segredo se torna um objetivo em sua busca constante em voltar para o mundo dos vivos.


O filme transborda alegria, tristeza, é um drama envolvente mas bastante delicado. Somos guiados pelas ações do forte protagonista, em busca de seus sonhos e não compreendendo restrições para ir em busca do que mais ama. As reviravoltas são ótimas e nos deixam cada mais apaixonados por essa singela trama que explora a cultura de uma parte do continente americano que pouco vemos na tela grande. Um dos trunfos dessa produção, elogiadíssima por cinéfilos mundo à fora, é conseguir envolver públicos de todas as idades. Há mensagens lindas de amor e família embutida em cada sequência dessa pequena obra prima. Impossível não se emocionar.  
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Crítica do filme: 'Jogos Mortais: Jigsaw'

Aproveitando anos de sucesso de público (apesar que nos últimos filmes já caíram bem a audiência), voltou aos cinemas faz pouco tempo mais um vértice da história do assassino Jigsaw. Jogos Mortais: Jigsaw é muito mais do mesmo, onde se perde o carisma da trama. Antes criativa e repleta de suspense, agora parece que o roteiro ligou o status da preguiça entregando ao espectador uma trama cheia de reviravoltas sem coerência e transformando os poucos mais de 90 minutos em algo bastante sonolento.

Orçado em cerca de 10 milhões de dólares e já arrecadando, só na janela cinema, cerca de 100 milhões de dólares pelo mundo, Jogos Mortais: Jigsaw mostra mais uma tentativa de alguém em recriar o universo sangrento do assassino Jigsaw, reunindo pessoas em jogos mortais lutando pela sobrevivência ao limite mais extremo possível. Os personagens dessa vez são: um detetive cheio de problemas em sua ficha, um médico e sua assistente que estudam os corpos das vítimas e um policial, ex-militar, que busca as verdades pois como em todo filme da franquia, alguém está mentindo.

Provocando uma expectativa até certo ponto grande, o novo filme da franquia apresenta uma história ‘rivotrialna’, onde não prende a atenção em nenhum momento. É como se uma franquia de fast food não respeitasse as receitas de sucesso da matriz e quisesse ter criatividade suficiente em criar seus próprios produtos. Tudo é muito incoerente na trama, além dos personagens para lá de nada carismáticos.


Para quem curte filmes de terror, obviamente existem outros bons filmes. Um novo filme foi feito exatamente para se lucrar em cima de histórias passadas, pois ao longo dos anos essa franquia mostrou-se ser extremamente rentável e mesmo com filmes de médio orçamento. Tem que se pensar sempre em algo mais além de dinheiro, nossos olhos pagam por qualidade.  
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02/01/2018

Crítica do filme: 'O Rei do Show'

O espetáculo de um sonhador que nunca desiste. Tentando sair do papel a cerca de dez anos, o musical The Greatest Showman, no original, finalmente ganhou sua oportunidade e estreou recentemente no circuito brasileiro de exibição. Contemplando a estreia na direção de um longa metragem do agora cineasta Michael Gracey, O Rei do Show é um musical empolgante, que narra uma história de uma época pelas entrelinhas de um sonhador e sua busca constante em surpreender seu público. No papel principal, um dos maiores atores showman do circuito hollywoodiano/Broadway, o australiano, eterno Wolverine, Hugh Jackman, que mais uma vez mostra que consegue emocionar numa tela grande.

Na trama, situada no início de 1800, conhecemos o esforçado, vindo de família humilde, P.T. Barnum (Hugh Jackman) que faz de tudo para sobreviver e dar uma vida digna para sua esposa Charity (Michelle Williams) e suas duas filhas. Mas o protagonista é um grande sonhador com veia empreendedora e logo após ser demitido de um trabalho burocrático, resolve investir tudo o que possui e criar uma espécie de museu de curiosidades, tendo como foco diversos e peculiares artistas. Assim, consegue aos poucos reunir a atenção de muitos e vai se consolidando como um grande empresário nacionalmente conhecido.

Um dos méritos do roteiro, assinado por Bill Condon (Kinsey - Vamos Falar de Sexo) e Jenny Bicks (Rio 2), é tratar de todo um preconceito forte da época, representado pelo pai de Charity que nunca aceitara o casamento da filha, e por parte do público que se manifestava violentamente em relação aos astros do show de Barnum. Como todo musical, O Rei do Show é repleto de músicas encantadoras, com performances espetaculares de seus intérpretes. É um filme bem cantando mas sem perder o sentido e direção, toda música explica uma situação, uma emoção, recurso adotado com louvor pelos carismáticos personagens.


Longe de ser longo demais, provoca emoções instantâneas, há uma proximidade muito grande do público com o que acontece em cena. Ótima oportunidade para quem nunca viu um musical, ou apenas diz que não gosta, conferir esse belíssimo trabalho que pode ganhar alguma indicação no Oscar 2018. 
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Crítica do filme: 'Três Anúncios para um Crime'

Até aonde vai a dor de uma perda? Indicado em seis categorias ao Globo de Ouro 2018, eleito pelo público o Melhor Filme do Festival de Toronto e com grandes chances de ter mais de cinco indicações ao próximo Oscar, Três Anúncios para um Crime explora uma tragédia de maneira intensa, com uma narrativa envolvente, trilha sonora fantástica, uma bela direção, e atuações memoráveis de três atores fantásticos: Frances McDormand, Woody Harrelson e Sam Rockwell. O filme que deve estrear no circuito brasileiro de exibição no final de janeiro, é uma jornada de dor e sofrimento com três óticas e sentimentos sobre um assassinato brutal, sem solução, que acontece em uma cidade do interior no sul dos Estados Unidos.

Na trama, conhecemos Mildred (Frances McDormand), uma mulher de idade quase avançada que trabalha em uma lojinha e recentemente perdeu sua filha de maneira aterrorizante. Tentando pressionar as autoridades que a sete meses não conseguem ter uma única pista do assassino, resolve publicar em três outdores em sequência uma mensagem para a polícia, principalmente para o chefe da delegacia Willoughby (Woody Harrelson), esse que está com um câncer terminal. Assim, tentando descobrir novas pistas sobre o ocorrido e pressionando cada vez mais os policiais, Mildred divide opiniões na cidade onde tudo ocorre.

A protagonista é uma mulher corajosa que se sente culpada pela morte da filha, não entendendo como sequer um nome ainda não foi ligado a tragédia que aconteceu na sua família. Separada, o marido tem uma nova namorada bem mais nova, com um filho ainda para criar, reúne todas as forças que possui para tentar alguma solução para o caso. O longa tem uma pegada irmãos Coen, talvez, Frances McDormand se encaixou tão bem no papel por já conhecer esse universo que lhe deu o Oscar por Fargo anos atrás. Os coadjuvantes são peças fundamentais no tabuleiro de surpresas e reviravoltas de personalidade que vão aparecendo a cada frame.

Cada um dos personagens que mais vemos em cena possuem dramas pessoais com a tragédia do assassinato sem solução sendo um ponto de interseção. Sam Rockwell e seu Dixon, um policial preconceituoso e totalmente sem noção é o que mais passa por transformação chegando ao desfecho sem sabermos direito o que será de seu futuro. Peça chave nas viradas do roteiro, Willoughby (Woody Harrelson brilhando novamente) vai se revelando aos poucos ao público com suas cartas que mudam de trajetória essa curiosa trama de roteiro afiado, um dos melhores nas listas de filmes que serão indicados nas grandes premiações em 2018.


O cineasta britânico Martin McDonagh (Sete Psicopatas e um Shih Tzu, Na Mira do Chefe) é o responsável pela direção e roteiro. Cumpre seu papel com muita eficiência nesse universo que poucos em Hollywood tiveram a coragem e competência de entrar.
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